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Correio da Manhã

Opinião
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Abençoados rurais

Só a ruralidade e a inteligência prática moveram Portugal. Nunca foi com os bem instalados.
Eduardo Dâmaso(eduardodamaso@sabado.cofina.pt) 27 de Abril de 2024 às 00:31
O ruralismo é um traço distintivo do Portugal de todas as épocas. Pelos idos de Abril, abençoados rurais eram aqueles rapazes dos tanques. O senhor José Alves Costa, cabo apontador que teve Salgueiro Maia na mira, era e é um rapaz de Balazar, Póvoa de Varzim. Luminosa ruralidade, ainda hoje, ao ouvi-lo contar a história de como amanhou a conversa para evitar disparar. E que dizer de Celeste Caeiro, costureira, empregada de restaurante, mulher de sangue galego e alentejano, da bela Amareleja? Foi esta mulher de notável inteligência rural que decifrou a estética merecida de uma revolução quase sem sangue: a Revolução dos Cravos, que meteu nos canos das espingardas. E que dizer desses milhares de portugueses que receberam de braços abertos os militares e que não eram senão uma imensa maioria de rurais. O Presid- ente da República ainda não explicou bem o que quis dizer com aquelas enormidades que ouvimos, gravadas da sua própria voz, num jantar com jornalistas estrangeiros. Certamente não terá querido estigmatizar a alegada ruralidade de Luís Montenegro ou do PSD. Ou a personalidade oriental de António Costa. Seria boçal e pouco inteligente, coisas que Marcelo não é. De resto, sabe bem que só com a ruralidade e a inteligência prática dos portugueses, venham eles das brenhas transmontanas ou do império, este País andou para a frente. Nunca foi com outros, mais bem instalados na vida.



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