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BBVA pode olhar para Unicaja e Bankinter depois de rejeição do Sabadell, considera XTB

Se a oferta não for melhorada poderão abrir-se outras vias de investimento. “Não excluímos novas tentativas de alcançar o seu objetivo através de uma operação com outras entidades, caso se confirme o fim das negociações com o Sabadell”, defendem os analistas da XTB.
7 Maio 2024, 10h30

A XTB realizou uma análise sobre que efeitos que poderá ter em bolsa, esta terça-feira, a rejeição do Conselho de Administração do Sabadell à oferta pública de aquisição do BBVA.

O Conselho de Administração do Sabadell rejeitou, pela segunda vez na sua história, uma oferta do BBVA, considerando desta vez que este gerará mais valor por si próprio. O Sabadell parece mesmo fechar mesmo todas as portas para uma segunda oferta do BBVA. Embora o mercado acredite que uma oferta em dinheiro e não em ações teria mais hipótese de passar.

Bom, mas perante a recusa vários cenários se abrem e os analistas da corretora XTB analisa as várias hipóteses para o banco presidido por Carlos Torres atingir os mesmos objetivo de crescimento.  “A estratégia do BBVA parece clara, na medida em que procura reforçar a sua atividade em Espanha”, refere a XTB.

O BBVA poderá melhorar a sua oferta sobre o Sabadell ou procurar outras alternativas para comprar a empresa.

Se a oferta não for melhorada poderão abrir-se outras vias de investimento. “Não excluímos novas tentativas de alcançar o seu objetivo através de uma operação com outras entidades, caso se confirme o fim das negociações com o Sabadell”, defendem os analistas da XTB.

A corretora diz que um dos seus alvos “poderia ser o (…) Bankinter, por exemplo”, aproveitando “a perda de crescimento das suas receitas em Espanha, concretamente da margem financeira, algo que faz em Portugal. No entanto, no nosso país está a crescer consideravelmente nos fundos de clientes ou na sua unidade de banca de empresas, pelo que o custo deste movimento seria menor”.

Atualmente, o Bankinter tem uma capitalização bolsista de 6,6 mil milhões de euros (enquanto o Sabadell tem uma capitalização bolsista de dez mil milhões de euros) e tem menos de um terço das agências e dos empregados do Sabadell, lembra a XTB Portugal.

Por outro lado, defendem os analistas, “a Unicaja poderia ser um alvo para ambas as entidades”. Isto é, quer para o BBVA, quer para o Sabadell.

“Para o Sabadell, permitiria reduzir o peso das três grandes empresas em Espanha, enquanto para o BBVA cumpriria alguns pontos interessantes, dada a sua exposição em Espanha e o crescimento de dois dígitos das suas margens na demonstração de resultados”, referem os analistas.

Numa segunda atualização da análise a XTB considerou “que a possibilidade de uma aquisição hostil é complicada, porque implicaria o pagamento de um prémio mais elevado do que aquele que inicialmente iriam pagar com a absorção”.

“É verdade que o Sabadell não dispõe de um bloco acionista forte que possa ser coordenado para travar uma oferta pública de aquisição, mas, para além do preço que teria de pagar, o BBVA enfrentaria um risco regulamentar e de reputação. Em primeiro lugar, seria necessário ver se o regulador aceitaria esta operação e como afetaria as contas da entidade de Bilbau no caso de pagar um prémio significativo sobre o preço atual das ações do Sabadell. Por outro lado, seria provavelmente necessário proceder a ajustamentos a nível do pessoal e dos escritórios, o que conduziria a reestruturações e despedimentos”, defende a XTB.

“Isto seria mau de qualquer forma, mas seria ainda pior se fosse feito após o lançamento de uma aquisição hostil e a tomada do Sabadell apesar da recusa inicial”, consideram os analistas da corretora.

A XTB diz que “seria diferente se o BBVA tentasse aumentar a oferta e negociar com o Sabadell, embora não pareça que o conselho de administração deste último esteja disposto a negociar”.

Pois, acrescenta a corretora, “a situação financeira do BBVA é boa, mas uma operação deste calibre leva tempo a dar frutos, uma vez que, apesar do aumento dos números a curto prazo, as entidades têm de efetuar uma reorganização importante para evitar duplicações e adaptar o pessoal à nova cultura empresarial, o que também aumentará os custos”.

Já quanto à deterioração do seu rácio de capital, “dependerá da estrutura com que a oferta pública de aquisição será realizada e até do preço a que a operação possa ser efetuada”, acrescenta.

A XTB refere ainda que os bancos em Espanha e no sul da Europa em geral tiveram um desempenho superior ao dos seus congéneres do norte nos últimos dois trimestres, algo que está a acontecer em termos gerais também na economia, graças, entre outras razões, ao aumento do turismo, ao boom das exportações e à descida dos preços da energia graças às energias renováveis e à menor dependência do gás russo.

Sobre o impacto no mercado que a poderá ter em bolsa hoje a rejeição do Conselho de Administração do Sabadell, a corretora lembra que “se considerarmos a primeira vez que ambas as entidades estiveram a negociar, em 2020, podemos prever uma resposta do mercado semelhante esta sessão”.

“No dia 27 de novembro de 2020, após a confirmação do fim das negociações entre as duas entidades, as ações do Sabadell caíram 18% ao longo da sessão e fechando a sessão com uma queda de 13,58%, demorando três meses a voltar a negociar positivamente, enquanto o BBVA recebeu a notícia com ganhos na ordem dos 4,99%, que duplicaram no mês seguinte”, constata a XTB.

As ações do Sabadell estão hoje a cair 1,11% para 1,87 euros e as do BBVA, pelo contrário, sobem 2,59% para 10,10 euros.

(atualizada com a nova análise da XTB sobre a OPA do BBVA ao Sabadell)

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