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Da demissão de Macron e vitória de Le Pen ao fim do Brexit: Estes são os cisnes negros de 2023

Os analistas do Saxo Bank, à semelhança dos últimos anos, já fizeram a sua lista das 10 maiores improbabilidades de 2023. São estes os seus cisnes negros.

Donos das maiores tecnológicas criam consórcio para a transição energética

Donos das maiores tecnológicas criam consórcio para a transição energética
Em 2023, os donos das maiores empresas de tecnologia e outros multimilionários ligados a este universo, impacientes com a falta de progresso no que toca ao desenvolvimento das infraestruturas capazes de fazer avançar os sonhos da transição energética, unem-se e criam um consórcio, com o nome de código de "Third Stone". O objetivo consiste em arrecadar mais de um bilião de dólares para investir em soluções energéticas. Tal será a dimensão deste projeto que representará "o maior esforço em termos de investigação desde o projeto Manhattan, que deu à luz a primeira bomba atómica", refere o banco. Além das novas tecnologias, o fundo vai ainda focar-se na questão de armazenamento energético, "o atual calcanhar de Aquiles das soluções energéticas alternativas". Assim, as empresas ligadas a este consórcio verão o seu "valor de mercado aumentar", acrescenta o Saxo Bank.

Le Pen chega ao Eliseu após demissão de Macron, que cria uma startup

Le Pen chega ao Eliseu após demissão de Macron, que cria uma startup
Nas eleições legislativas deste ano, o partido do Presidente francês Emmanuel Macron, assim como os aliados, perderam a maioria absoluta no Parlamento. Confrontado com a forte oposição da aliança partidária de esquerda NUPES e da União Nacional de Marine Le Pen, do lado da extrema-direita, o Governo não tem outra escolha a não ser aprovar diplomas importantes e o Orçamento de 2023 contornando o Parlamento. A solução não é viável no longo prazo e Macron demite-se e cria uma startup. Le Pen vence as presidenciais. "Contornar o parlamento não deve ser uma forma de governar numa democracia", refere o Saxo Bank. Consequentemente e vendo que não conseguirá levar a cabo a sua reforma nas pensões, Macron segue exemplo de Charles de Gaulle em 1946 e 1969, e decide, "inesperadamente, demitir-se no início de 2023". A demissão de Macron abre a porta do Palácio do Eliseu à concorrente de extrema-direita Marine Le Pen, provocando não só uma onda de estupefação em toda a França como passando também a ser uma ameaça existencial ao projeto europeu.

Ouro chega aos 3.000 dólares por onça

Ouro chega aos 3.000 dólares por onça
Os investidores percebem que, ao contrário do discurso dos bancos centrais, a elevada inflação não será resolvida "num par de anos". A Fed volta, na prática, a uma política de "quantitive easing". Além disso, o metal amarelo será ainda impulsionado pela China, que com a chegada da primavera se decide afastar da política zero covid-19, "que irá também alimentar a inflação com o aumento da procura do gigante asiático. O dólar perde força, ajudando à escalada nas "commodities". O ouro chega então aos 2.075 dólares, para depois tocar nos 3.000 dólares por onça.

Bloco europeu cria Forças Armadas da UE

Bloco europeu cria Forças Armadas da UE
A invasão da Ucrânia pela Rússia, a par das eleições intercalares nos EUA, que colocam os republicanos em maioria na Câmara dos Representantes e permitem a Donald Trump candidatar-se à presidência norte-americana em 2024, são os dois fundamentos para esta previsão. Perante este cenário, a Europa sente a necessidade de adotar uma postura de união defensiva. Bruxelas anuncia assim a intenção de criar as Forças Armadas da UE antes de 2028. Esta força militar irá custar aos 27 Estados-membros 10 biliões de euros durante 20 anos. Para financiar as novas Forças Armadas da UE, são emitidas obrigações da UE, a serem financiadas pelo PIB de cada Estado-membro. Esta medida acaba por reforçar o mercado de dívida soberana da UE, "conduzindo a uma forte recuperação do euro com o enorme aumento do investimento".

Um país decide abolir toda a produção de carne até 2030

Um país decide abolir toda a produção de carne até 2030
"Em 2023, pelo menos um país que procura a liderança na corrida pela ação climática passa a tributar de forma elevada a carne, numa escalada crescente a partir de 2025", escreve o Saxo Bank. Além disso, este mesmo país começa a planear proibir "toda a carne de origem animal produzida internamente até 2030". Segundo a instituição, tal levará a que sejam produzidas carnes em laboratório e alternativas vegetais para satisfazer a fome e salvar o globo.

Novo referendo dita regresso do Reino Unido à UE

Novo referendo dita regresso do Reino Unido à UE
Em 2023, Rushi Sunak e Jeremy Hunt atiram a popularidade do Partido Conservador para mínimos históricos, à medida que o Reino Unido entra numa recessão avassaladora devido às políticas orçamentais, colocando o défice a subir - com a queda das receitas - a par do aumento do desemprego. Paralelamente, "as sondagens no País de Gales e em Inglaterra revelam novas intenções sobre o Brexit". Sunak pede então a demissão, sendo sucedido pelo líder trabalhista Keir Starmer no terceiro trimestre do ano, o qual consegue apoio para realizar um segundo referendo no dia 1 de novembro e o voto popular determina que o Reino Unido deve regressar à UE. Quem ganha nos mercados com este referendo é a libra, "que depois do fraco desempenho recupera 10% em relação ao euro e 15% em relação ao franco suíço".

Os preços passam a ser controlados para limitar a inflação

Os preços passam a ser controlados para limitar a inflação
"Numa economia de guerra, a mão do governo irá expandir-se impiedosamente enquanto a pressão sobre os preços ameaçar a estabilidade", antecipa a instituição financeira. Em 2023, os decisores políticos sentem que "o aumento dos preços sugere de alguma forma uma falha do mercado, sendo necessário mais intervenção para evitar que a inflação traga instabilidade à economia e à sociedade". Assim, tanto os preços [da generalidade dos bens] como os salários passam a ser controlados pelo Estado, sendo até "talvez criado um novo 'National Board for Prices and Incomes' nos EUA e no Reino Unido". No entanto, irá aplicar-se mais uma vez a lei das consequências involuntárias: uma que vez que os preços serão controlados sem resolver a questão subjacente, tal só irá "gerar mais inflação e arrisca também rasgar o tecido social através da queda dos padrões da qualidade de vida”.

OPEP+, China e Índia dizem adeus ao FMI e ao dólar

OPEP+, China e Índia dizem adeus ao FMI e ao dólar
Para fazer frente ao dólar forte, os países exportadores de petróleo e aliados (OPEP+), a par da China e Índia, afastam-se do dólar e do FMI e criam uma organização com um novo ativo de reserva para compensar a nota verde, o "Bancor", recorrendo à velha ideia de Keynes. Os bancos centrais destes países reduzem assim drasticamente as reservas detidas em dólares, o que leva a uma escalada das "yields" da dívida norte-americana e a uma queda de 25% da nota verde face a um cabaz de várias moedas que negoceiam com o novo "Bancor".

Japão fixa cada dólar em 200 ienes e faz "reset" ao sistema financeiro

Japão fixa cada dólar em 200 ienes e faz 'reset' ao sistema financeiro
À medida que o mundo entra em 2023, a pressão sobre o iene e o sistema financeiro japonês está a aumentar novamente. Com o dólar a superar os 180 ienes, o BoJ fixa um limite mínimo nos 200 ienes e decide reiniciar o sistema financeiro japonês. Este “reset” implica que o BoJ elimine a dívida contida no balanço. A flexibilização quantitativa, a par da monetização, acaba por aliviar o peso da dívida pública japonesa, mas o PIB real nipónico cai 8%.

Proibição dos paraísos fiscais mata "private equity"

Proibição dos paraísos fiscais mata 'private equity'
Em 2023, a OCDE emite uma proibição absoluta sobre paraísos fiscais. Nos EUA, os juros tributados como ganho de capital passam também a ser considerados como rendimentos ordinários. A proibição dos paraísos fiscais da UE e as alterações sobre as regras de tributação dos juros acabam por abalar o setor de "private equity", fechando grande parte deste tipo de empresas. Outras empresas deste setor cotadas em bolsa acabam por perder 50% do seu valor em bolsa.
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 06 de Dezembro de 2022 às 22:11
Os economistas do Saxo Bank fizeram as suas habituais previsões improváveis – ou cisnes negros - para o próximo ano, mantendo a tradição que dura já há mais de 20 anos. Este é, como explica o banco dinamarquês, um exercício com dez possíveis cenários, apesar de não serem necessariamente prováveis.

Para o próximo ano, o banco coloca em cima da mesa entre o leque de possibilidades improváveis, a saída do presidente francês Emmanuel Macron do Palácio do Eliseu, dando lugar à líder de extrema-direita, Marine Le Pen.

O documento divulgado esta terça-feira prevê ainda a possibilidade dos países exportadores de petróleo e aliados (OPEP+), assim como China e Índia colocarem um ponto final no reinado do dólar, abandonando o FMI e adotando uma moeda de reserva comum, como alternativa à nota verde.

No relatório deste ano há ainda espaço para um "reset" do sistema financeiro japonês e um regresso do Reino Unido à União Europeia.

O termo "cisne negro" ganhou destaque na literatura em 2007, quando o libanês Nassim Taleb, professor na Universidade de Nova Iorque, escreveu um livro precisamente com o título 'The Black Swan', descrevendo o cisne negro como um acontecimento bastante raro e improvável, com um grande impacto no sistema social, político e financeiro em caso de concretização.
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