«É o que é»
Roger Schmidt, treinador do Benfica (MAXPPP)

OPINIÃO «É o que é»

OPINIÃO20.04.202410:00

Num Velódrome inflamável e hostil, o Benfica falhou

O Benfica foi eliminado nos quartos de final da Liga Europa pelo Marselha, depois de ter sido eliminado pelo Sporting no Campeonato e de ter sido eliminado também pelos leões da Taça de Portugal. Antes já caíra na Taça da Liga aos pés do Estoril e saíra por uma porta muito pequenina depois de quatro derrotas, um empate e apenas uma vitória na fase de grupos da Champions. Se tudo isto não legitima a vontade dos adeptos de obterem respostas, ou pelo menos algumas palavras empáticas da parte do seu treinador, não sei que mais será preciso.

É verdade que a equipa até começou a temporada — ou terminou a anterior, como preferirem — com a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, mas, como Roger Schmidt bem sabe e diz com frequência: «é o que é». E o que é, neste momento, é que se quebrou, talvez de forma irremediável, a conexão de grande parte dos benfiquistas com o seu treinador.

Também como Roger Schmidt argumenta várias vezes, não há que pedir desculpa porque nem os jogadores nem os treinadores perdem de propósito — ninguém esperaria isso, ou o caso seria dramático e com direito a despedimento coletivo por justa causa — e é em campo que as respostas devem ser dadas… o problema é que das exibições do Benfica têm resultado mais perguntas que respostas, e a principal das quais é se um treinador que ganhou um Campeonato e duas Supertaças em ano e meio, e tem dificuldade em lidar publicamente com a crítica, é a melhor opção para a nova época.

Em Marselha, o Benfica poderia efetivamente ter passado às meias-finais da Liga Europa (o que seria fantástico mas não faria esquecer os outros objetivos falhados), porque viera do jogo de Lisboa com uma vantagem de 2-1 e porque é mais forte do que o Marselha.

Num Velódrome inflamável, extremamente hostil, a equipa portuguesa em vez de crescer pareceu mais pequena do que a francesa e passou quase todo o jogo a defender-se e a defender a vantagem magra. A prova de que a forma como jogou terá passado muito pela incapacidade de responder ao que o jogo pedia do que propriamente pelo poder do adversário é que imediatamente depois de sofrer golo o Benfica empurrou o Marselha e criou três ou quatro boas oportunidades de golo.

Ou seja: estratégia ou não, as ideias de Schmidt e da equipa não resultaram. E não lhe ficou bem sair do relvado diretamente para o balneário depois do jogo (apesar de desapontado com o resultado) e dizer na flash-interview que não tem de justificar nada porque, na verdade, deveria justificar uma má época e esforçar-se (muito) mais para reconstruir a ponte com os adeptos. Se quiser ter novamente sucesso no Benfica.

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