Kering antevê queda nos lucros do primeiro semestre, culpa das vendas da Gucci

As vendas da etiqueta caíram 18% no primeiro trimestre, significativamente pior do que o declínio de 4% no final do ano passado, detalhou o conglomerado de luxo francês.

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Desfile da Gucci na Semana da Moda de Milão, em Fevereiro de 2024 REUTERS/Claudia Greco
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O conglomerado de luxo Kering antecipa uma queda de 40% a 45% no lucro operacional do primeiro semestre. O anúncio foi feito pelo grupo francês nesta terça-feira, depois de as vendas do primeiro trimestre terem caído, culpa do abrandamento da procura na marca-estrela, Gucci.

As vendas para os primeiros três meses de 2024 caíram 10% face ao período homólogo do ano passado, para 4,5 mil milhões de euros. A Kering já tinha antecipado, em Março, que as vendas durante este período deveriam cair cerca de 10%, deitando por terra a expectativa de conseguir travar a queda das vendas da Gucci — a centenária casa de moda italiana que representa metade das vendas do grupo e dois terços dos lucros.

O aviso suscitou preocupações no sector do luxo quanto às perspectivas de recuperação da China — tradicionalmente o mercado mais cobiçado da Gucci — que tem sido afectada por uma crise imobiliária e por uma elevada taxa de desemprego entre os jovens.

As vendas da etiqueta caíram 18% no primeiro trimestre, significativamente pior do que o declínio de 4% no final do ano passado, detalhou a Kering.

O declínio das receitas e o investimento contínuo necessário na marca vão prejudicar os lucros do primeiro semestre, com a Gucci a não registar grandes melhorias para já, disseram os executivos do conglomerado aos analistas.

“Não é surpreendente que as marcas em transição possam estar a passar por dificuldades face a uma diminuição da procura. Os consumidores preferem concentrar os seus gastos em marcas mais estáveis”, afirmaram os analistas da Bernstein em comunicado de imprensa. “A magnitude da descida dos lucros, no entanto, surpreende pela negativa.”

O tráfego nas lojas de luxo na Ásia tem sido especialmente baixo. “O mercado chinês está agora bastante polarizado entre o apetite dos clientes por produtos de luxo ou então por marcas mais acessíveis. A Gucci, posicionada a meio do espectro, não está a beneficiar desta polarização”, fez notar a directora financeira da Kering, Armelle Poulou. No entanto, a responsável acredita que a situação pode mudar rapidamente.

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Sabato de Sarno CLAUDIA GRECO/Reuters

A primeira colecção do novo director criativo, Sabato de Sarno, começou a chegar às lojas em meados de Fevereiro. Os estilos sensuais e simples do criador italiano marcaram um afastamento da abordagem extravagante do antecessor, Alessandro Michele.

A Kering tem tentado aproximar a marca novamente do luxo, com foco nos artigos de couro clássicos, e garante que os primeiros produtos da colecção Ancora, que incluem bolsas Jackie brilhantes e mocassins de plataforma volumosos, foram bem recebidos.

As acções do grupo liderado por François-Henri Pinault caíram 18% desde 19 de Março, enquanto as rivais LVMH e Hermès caíram 7,5% e 2,8%, respectivamente.

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