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Kosovo queixa-se de preconceitos dos Estados Unidos e União Europeia

O primeiro-ministro do Kosovo queixou-se hoje de preconceitos contra o seu país por parte dos Estados Unidos (EUA) e da União Europeia (UE), e de tolerância em relação ao que chamou de regime autoritário da Sérvia.
8 Junho 2023, 21h37

O primeiro-ministro, Albin Curti, disse que o seu Governo tem uma visão diferente, afirmando depois: “Insistimos que o facto de nos comportarmos bem com um autocrata não faz com que ele se comporte melhor. Pelo contrário”.

Os enviados dos EUA e da UE para as conversações entre o Kosovo e a Sérvia – Gabriel Escobar e Miroslav Lajcak, respetivamente – “vêm ter connosco com exigências, com pedidos da outra parte”, disse numa entrevista à agência de notícias Associated Press.

Recentemente, elementos sérvios no norte do Kosovo entraram em confronto com a polícia e depois com a força de manutenção de paz, KFOR, liderada pela NATO, deixando 30 soldados e mais de 50 sérvios feridos e provocando receios de uma renovação dos conflitos sangrentos da região.

Depois de soldados terem sido feridos na semana passada, a NATO declarou que iria enviar mais 700 tropas para o norte do Kosovo.

Os confrontos tiveram origem num conflito anterior, depois de os candidatos de etnia albanesa, declarados vencedores das eleições locais no norte do Kosovo, terem entrado nos edifícios municipais para tomar posse e terem sido bloqueados pelos sérvios.

Bruxelas pediu ao Kosovo que retirasse as suas forças policiais especiais do norte do Kosovo, onde vive a maior parte da minoria de etnia sérvia, e que realizasse novas eleições.

Em fevereiro e março, o Kosovo e a Sérvia chegaram a um acordo sobre a normalização das relações, facilitado pela UE, com um plano de implementação de 11 pontos. O processo continua a ser o foco das conversações mediadas pelos enviados de Washington e Bruxelas.

Albin Kurti insistiu que as forças especiais da polícia não poderiam ser “reduzidas” até que os bandos criminosos sérvios deixassem o país ou fossem presos. E disse que haveria paz no Kosovo se não houvesse “ordens de violência de Belgrado”.

As potências ocidentais não devem ceder a Belgrado, a raiz do problema de violência nos Balcãs Ocidentais, disse o primeiro-ministro.

Albin Kurti queixou-se de que, mesmo para as eleições antecipadas de abril nos quatro municípios do norte com uma população maioritariamente sérvia, “os mediadores internacionais e os facilitadores europeus falharam”.

O Kosovo foi instado a fazer alterações eleitorais mas não foi feita pressão junto do único partido político de etnia sérvia para participar nos votos, o que devia ter sido feito, disse.

“Não podemos permitir outro processo em que os candidatos sérvios o boicotem alguns dias antes do início das eleições, porque é isso que Belgrado ordena”, afirmou.

A Sérvia e a antiga província do Kosovo estão em conflito há décadas, com Belgrado a recusar-se a reconhecer a declaração de independência do Kosovo em 2008.

A violência junto à fronteira comum tem suscitado o receio de uma renovação do conflito de 1998-99 no Kosovo, que custou mais de 10.000 vidas e deu origem à missão de manutenção da paz KFOR.

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