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Tu agora és este,
não és o outro que
foi para a guerra

Os deficientes esquecidos
do 25 de Abril

Esta é a história dos rapazes
que foram para a guerra
e regressaram sem olhos, sem mãos,
sem pernas ou com a cara desfeita
e pintada de azul

É também a história de uma jovem
que se apaixonou por um paraplégico
que conheceu no hospital

É ainda a história de
um basquetebolista que por causa
de uma granada se transformou
num líder, que combateu pelos 16 mil
deficientes portugueses
da Guerra Colonial

I.

O homem azul

A guerra é uma tatuagem azul que se infiltra na pele e camuflou, para sempre, o rosto assimétrico de Cândido Patuleia Mendes, um olho vazado, o outro operado e reoperado na esperança de que as entranhas feridas não rejeitem algum dos múltiplos transplantes de córnea: “Fui ferido a 23 de maio de 1970, sete meses após ter chegado a Angola a bordo do navio Império. Podia ter ouvido o meu pai que estava emigrado lá fora, e que me disse para ir ter com ele, e escapar à tropa, mas não fui porque não quis deixar a minha mãe sozinha, no Bombarral”.

Este homem que se proclama “filho do povo” teve melhor sorte do que o seu camarada Duarte que ficou estendido quando a granada descavilhada antes de tempo explodiu: “Andávamos a montar umas armadilhas nas beiras da picada que iria alcatroada para evitar a que o inimigo continuasse a esconder minas no capim”, conta Patuleia. “A granada cabia dentro de uma lata de salsichas", onde faziam um furo para ligar a um fio que completaria o processo. A cavilha saiu antes de tempo e as armadilhas contra o inimigo armadilharam a vida de dois jovens portugueses que cumpriam comissão do serviço militar obrigatório.

Duarte teve morte imediata, Patuleia esvaiu-se em sangue, entrou em coma e foi transferido, primeiro para Luanda, depois para Lisboa, seguindo-se meses e meses de internamento, várias operações em Barcelona – na então famosa Clínica Barraquer – para tentar recuperar a visão do olho que ainda lutava: “O Estado pagou tudo, para o adversário um ferido tem mais impacto do que um morto, o ferido provoca muitos mais gastos do que o morto que acaba ali. O ferido é um encargo” para o futuro, conta-nos Patuleia com o riso nervoso de quem podia ter escapado ao destino se tivesse escutado os conselhos do pai e fugido à mobilização para combater numa guerra que não era sua.

Patuleia ainda tem a pele azulada, da cor do trotil, 54 anos depois da granada mal descavilhada explodir, roubando-lhe o ver: "Consigo fazer quase tudo, escrever, farto-me de escrever coisas, e escrevo bem".

O acidente mudou-lhe a cor, desfez-lhe metade da cara, deixando para trás a imagem do jovem jeitoso que tocava no conjunto "Os Távoras", no Bombarral. Mudou tudo isso, mas não o privou de sentimentos e emoções. Patuleia conheceu a primeira mulher quando estava internado no Hospital Militar: “Ela passava férias no Bombarral e apanhou a mesma automotora da Linha do Oeste que a minha mãe, num dia em que esta me vinha ver ao hospital. Conversaram durante a viagem e ela aproveitou para ir verificar por si própria se o irmão que também estava a combater em África não estaria por ali ferido sem que a família soubesse. Na altura dizia-se que havia feridos abandonados nas enfermarias porque ninguém informava as famílias que estavam ali”, conta-nos Patuleia.

“Ainda recuperei a visão do olho que ficou, e quando casei até fui a conduzir para o Algarve, onde passámos a lua de mel. E voltei a trabalhar nas Finanças do Bombarral, onde tinha estado antes de ir para a tropa.” Fez cinco transplantes de córnea, todos rejeitados, porque “o sistema vascular que está por trás tinha ficado muito danificado com a explosão”. Nenhum dos transplantes pegou para sempre; o primeiro casamento também não foi para sempre.

Cândido Manuel Patuleia fotografado em abril deste ano Foto António Pedro Ferreira

Cândido Manuel Patuleia fotografado em abril deste ano Foto António Pedro Ferreira

O agora dirigente da Associa­ção dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) fecha-se ao falar da família. A custo diz-nos que teve duas filhas com a primeira mulher, que tem dois genros e netos, que voltou a casar, mas recusa diz o nome da atual companheira.

O soldadinho não volta

A guerra deixou marcas tatuadas na personalidade dos homens que permaneceram para além do tempo do luto e da aceitação da perda. No verão de 1975, os jornais referiam 36 mil deficientes portugueses da Guerra Colonial, o número oficioso (atual) é de 16 mil. Mas o número de mortos aproxima-se dos “50 mil, entre militares portugueses, combatentes africanos e população civil” dos dois lados, disse ao Expresso o tenente-coronel Pedro Marquês de Sousa, autor do livro “Números da Guerra de África”, editado em 2021 pela Guerra e Paz.

Sala de fisioterapia da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Lumiar, em Lisboa Foto António Pedro Ferreira

Sala de fisioterapia da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Lumiar, em Lisboa Foto António Pedro Ferreira

Aos 16 mil deficientes físicos soma-se “um número não conhecido de casos de stresse pós-traumático, que se reflete em situações sociais como o alcoolismo e a violência doméstica”, que ainda hoje afetam a sociedades e famílias portuguesas e africanas, disse ao Expresso o comandante Pedro Lauret, comissário da exposição “O MFA e o 25 de Abril”, que pode ser vista na Gare Marítima de Alcântara, à beira do Tejo, de onde zarparam milhares de homens para combater em África, deixando nos milhares de rostos tristes e olhar perdido a dizer adeus nos Cais de Alcântara e da Rocha Conde d'Óbidos.

As mães choravam, os pais choravam para dentro que os homens não choram, dizia-se então, as madrinhas de guerra escreviam aerogramas, os rapazes gravavam mensagens de Natal (transmitidas pela RTP) a uma velocidade vertiginosa da fala que terminavam invariavelmente com a frase 'Adeus, até ao meu regresso!"

Por vezes, "o soldadinho não volta do outro lado do mar", cantou a voz mágica de Adriano Correio de Oliveira num grito de resistência que o poeta Reinaldo Ferreira escrevera antes da guerra colonial começar, e o grande José Afonso musicou quando o pesadelo de receber um caixão selado com chumbo levava mulheres embiocadas de preto a cumprir promessas de joelhos no Santuário de Fátima. Numa estranha premonição, Reinaldo Ferreira (que era filho do famoso Repórter X), escreveu toda a sua obra em Moçambique, falecendo dois antes da guerra estalar no Norte de Angola.

Chegaram muitos caixões do outro lado do mar. "Dos 10 425 combatentes portugueses mortos na guerra em África, a maioria pertencia ao Exército", acrescenta Pedro Marquês de Sousa. A Guerra Colonial começou em 1961 e terminou depois do 25 de Abril de 1974. "Na fase final, estavam destacados no ultramar, mais de 160 mil militares, cerca de 70 mil militares em Angola, 35 mil na Guiné e 56 mil em Moçambique", diz o autor do livro "Os Números da Guerra Colonial".

A guerra também "causou ferimentos graves a cerca de 53 mil pessoas, considerando as baixas dos militares portugueses, da população civil e [dos combatentes] dos movimentos independentistas". Além disso, foi uma sanguessuga para os cofres do Estado, consumindo mais de "24 mil milhões de euros, em valores atuais. As despesas militares chegaram a representar 6 % do PIB", levando o governo da ditadura, "a criar impostos e a contrair empréstimos".

"A quantidade de homens em idade militar, recenseados em cada ano, variou entre os 75 mil e os 95 mil, mas destes, apenas 72 % em cada ano eram considerados aptos para o serviço militar. Cerca de 18 % faltavan à inspeção e 10% ficavam inaptos ou adiavam a incorporação se fossem estudantes do ensino superior", esclarece Marquês de Sousa.

No total, faltaram à inspeção "202 mil homens, e houve cerca de 20 mil refratários (os que já apurados na inspeção não se apresentavam para a incorporação), o que representa um universo superior a 220 mil homens que deliberadamente não se apresentaram para cumprirem o serviço militar" entre 1961-1974. A estes acrescem "quase nove mil desertores", ou seja, militares incorporados que deixavam as Forças Armadas: "Estimo que os casos de deserção, foram 70 % da metrópole e 30% nas três frentes, Angola, Guiné e Moçambique), sendo que nestes casos, os desertores eram maioritariamente de soldados africanos", acrescenta Sousa.

II.

A mulher que se apaixonou
por um paraplégico

A PIDE andava de olho na jovem dirigente da Juventude Universitária Católica (JUC) que tinha uma prima enfermeira no Hospital Militar. Meses depois, a jovem estudante começou a visitar o hospital para ajudar o irmão tetraplégico de um companheiro da JUC que não tinha família em Lisboa. O rapaz foi transferido para um centro de recuperação, mas Maria Leonarda continuou a ir diariamente ao hospital, a levar pequenos mimos e jornais que lia em voz alta ao vizinho de enfermaria. A jovem estudante perdera-se de amores pelo rapaz da cama ao lado.

“Apaixonei-me pelo Rui como me poderia ter apaixonado por qualquer rapaz. Os médicos tentaram demover-me, disseram-me que o Rui estava paraplégico para sempre, e que no teria no máximo cinco anos de vida."

Leonarda não quis escutar os alertas nem desistiu da descoberta sentimental. Rompeu com o namorado que tinha na altura e no início de 1969 — com a primavera Marcelista no auge da esperança na mudança política — declarou-se ao rapaz do corpo imobilizado numa cama de hospital: "Decidi dizer ao Rui que sentia que estava a nascer uma coisa muito forte entre nós". Ele começou por rejeitar o encantamento que não entendia, sentia-se um homem sem préstimo numa cama de hospital, ela insistiu, ele deixou-se cortejar, mas rapidamente a desenganou dizendo-lhe que não poderia nem deveria ficar com ela, não tinha futuro para partilhar além de um estado de revolta muito grande.

Desgostosa, Maria Leonarda foi trabalhar para Londres e fazer uma especialização em tradução simultânea, sempre com o fito de fazer voluntariado e “aprender mais sobre paraplegismo”. Pelo meio escrevia cartas a Rui, ele não lhe respondia, e assim se passaram quatro anos de vida na flor da juventude. Quase que tentou um nova relação, mas não resultou: a imagem de Rui não lhe saía da cabeça.

Maria Leonarda e Rui Foto DR

Maria Leonarda e Rui Foto DR

Regressou a Portugal no verão de 1973, Rui já não estava no hospital, ligou para casa dele, mas a mãe do rapaz da cadeira de rodas — sua futura sogra — desligou o aparelho e repetiu o gesto dezenas de vezes, num gesto de preconceito e censura às investidas da mulher que lhe disputava o afeto do seu único filho. Muitas tentativas de comunicação falhadas, a vida deu voltas e, Maria Leonarda, foi trabalhar para Campo da Maior. Pouco depois, o Diário de Governo que Rui consultava diariamente à procura de novos apoios para deficientes da Guerra Colonial, operou o milagre da aproximação.

Sentado na cadeira de rodas da casa que herdara do pai em Arganil - e onde vivia com a mãe viúva - Rui soube que a mulher que amava estava a dar aulas em Campo Maior. No dia 2 de maio, aniversário de Leonarda, Rui enviou uma mensagem para a escola, pedindo que lha fizessem chegar: “Entregaram-me uma carta e li duas linhas a dar-me os parabéns. Decidi ligar para o Emídio Ferrão, um amigo dele cujo telefone conservava, e pedi-lhe para fazer o favor de lhe entregar as minhas cartas em mão. Se as entregasse à mãe, já sabia que ele nunca as leria".

O amigo aceitou ser cupido desta surpreendente e arrebatada paixão, as cartas sucederam-se e, aos fins de semana, Leonarda percorria muitos quilómetros de camionete e comboio para se encontrar com Rui, às escondidas da mãe: "Nunca nos encontrámos em Arganil. Encontrámo-nos pela primeira vez na Lousã, a 19 de agosto de 1974 e, nessa altura, "ele acreditou que eu gostava realmente dele". Passavam umas horas juntos, Leonarda regressava ao Alentejo raiano e, uma semana depois, rumava a Coimbra, ou outras terras que evitassem grandes deslocações de rapaz de corpo moído pelas dores.

Casaram em 1975 pelo civil, antes de partirem em lua de mel para Londres, para consultar o "Drº Walsh, um médico do Stokemandeville Hospital, especialista em lesão vertebro-medular" que Leonarda conhecera quando lá vivera.

A ex-dirigente da JUC “queria casar pela igreja, mas o prior da Basílica da Estrela recusou-se a casar um paraplégico sem uma autorização especial de Roma [Vaticano]”. “Eu recusei-me a pedir essa autorização, perguntei-lhe se também exigia um atestado sobre a eventual impotência dos outros homens cujo casamento celebrava, e a sua efetiva capacidade de consumar o matrimónio. Dois anos depois, outro padre, deu-nos a bênção no dia do nosso casamento civil. Este passo fez sentido para mim, a minha família é toda católica, fui dirigente da JUC, uma das minhas irmãs pertence ao GRAAL", movimento de mulheres católicas a que pertenceu Maria de Lourdes Pintasilgo.

O casamento trouxe felicidade à vida do casal. O médico que consultaram em Londres, tinha tratado muitos paraplégicos e deficientes da II Guerra Mundial: “Estavam muito mais avançados do que aqui, ajudaram-nos muito, o Drº Walsh conversou comigo, esclareceu-me dúvidas sobre a vida íntima, fez-me perceber que havia formas de nos realizarmos e ter prazer”.

Rui quase que retomaria um quotidiano normal sempre atrelado à cadeira de rosas, o risco de escaras a pairar como um urubú.

Leonarda abdicou da vida profissional para que estudara, para se dedicar ao marido: “Queria ser feliz, e só o conseguiria se ele estivesse bem e equilibrado". Viajaram bastante, foram a Roma de carro com os pais dela, "ele conduzia muito bem, um automóvel adaptado. Optámos por ficar a viver em Arganil na casa que ele tinha herdado, mas a minha sogra fez-me a vida negra... foram 17 anos” terríveis, que não consegue esquecer.

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“A vida de uma pessoa com deficiência é mais difícil longe de Lisboa (ou do Porto), onde estão os principais apoios clínicos”, desabafa Maria Leonarda, que perdeu o marido há um ano: “As viúvas são muito esquecidas, apesar de terem sido as grandes cuidadoras destes deficientes, poupando muito dinheiro ao Estado português.”

Viúva há um ano, prontificou-se a vir a Lisboa conversar com o Expresso, porque “os 50 anos do 25 de Abril são a última oportunidade de falar destes deficientes que vão ficando esquecidos e das mulheres”. “Eu conheço poucas mulheres com os mesmos problemas do que eu, poderia ter um havido um esforço da Associação para nos apoiar, nunca tivemos apoio psicológico, o Estado esqueceu-se de nós.”

Depois do Rui falecer, vi-me privada de boa parte dos rendimentos mensais, ele tinha um subsídio de deficiência profunda e um pensão de serviços excecionais e relevantes. Julguei que teria direito a uma percentagem desta última, só tenho a pensão de preço de sangue, temo que tenha de vir a vender a casa onde estão todas as memórias do último meio século da minha vida."

A jovem combatente pelo amor é uma viúva fragilizada.

III.

“À tua custa, José Arruda”

Esta proclamação foi escrita em julho de 1973 pelo poeta José Craveirinha — o primeiro africano galardoado com o Prémio Camões — e publicada no jornal “Tribuna” (da atual Maputo), após homenagem pública ao grande basquetebolista do Desportivo de Lourenço Marques, a quem uma granada roubou os olhos e uma mão, em outubro de 1971: “Há muitas versões do acidente, ele não gostava de falar sobre isso”, conta-nos Chiu, nascida em Moçambique no seio de uma família cantonense, que começara a namorar José Eduardo Gaspar Arruda num baile de finalistas, em 1969.

A homenagem da Lourenço Marques colonial ao herói do basquetebol foi descrita pelo jornalista José Craveirinha como uma “patada de generosidade, [...] foi desumano pôr num espetáculo quem não o podia ver, mas teve de o sentir nos ouvidos, na alma e no coração, até sangrar”. Craveirinha homenageou o “corajoso” Arruda num texto que é uma crítica ao colonialismo português, escrito como se escrevia no tempo da ditadura e da censura.

José Arruda veio viver para um Portugal — onde não nascera — depois da independência de Moçambique. Quando se instalou na Brandoa já estava casado com Chiu. José Paulo, o filho mais velho, veio logo com o pai, o bebé Boris e a mãe vieram depois. Nunca se rendeu, “e a dar com a bengala, que eram os olhos dele” (diz José Paulo), lutou pelos direitos de todos os deficientes da Guerra Colo­nial. Grande impulsionador da ADFA, de que foi presidente, “chateou toda a gente até conseguir que a atual sede fosse construída e equipada com tudo a que tinham direito”. “Conhecia toda a gente pela voz, e se ouvia algum ministro da Defesa na praia, pedia que o levássemos até ele e ia falar em nome dos deficientes e do que era preciso para eles”, conta José Paulo.

Morreu em 2019, à beira de completar 70 anos, num pós-operatório “de uma cirurgia simples. "O velório do meu pai foi na ADFA e passaram por lá mais de cinco mil pessoas. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa falou, esteve lá o general Ramalho Eanes e a Drª Manuela, muitas personalidaes, muitos amigos, ele tocava as pessoas" conta José Paulo, terapeuta da fala que batizou o seu espaço de trabalho com o nome da localidade moçambicana, onde nasceu o pai: Movene.

Mais emotivo, o irmão mais novo, comove-se amiúde quando fala do pai. Olhos marejados, fala-nos da festa surpresa que estavam a preparar para os 70 anos do pai: “Íamos oferecer-lhe o livro que contava a história da sua vida, com depoimentos de muitas pessoas que o conheceram, cá e em Moçambique. Tínhamos tudo preparado e depois foi aquilo... não esperávamos que uma cirurgia simples se complicasse... ainda não desistimos de saber o que se passou”. Entre soluços, Boris fala-nos dos filhos, “o meu pai já não conheceu o bebé, mas ainda teve algum tempo com o meu mais velho, e a filha do Zé Paulo”, que fez 7 anos no dia em que entrevistámos o pai.

O "comendador Arruda", como era conhecido por muitos, foi condecorado pelos ex-Presidentes Jorge Sampaio e Cavaco Silva. Era um combatente pelos direitos humanos, defendeu os deficientes da guerra colonial e lutou por eles, foi presidente da ADFA e da ACAPO (Associação de cegos e amblíopes de Portugal) .

Deixou sementes por onde passou e nas pessoas com quem se cruzou. Sofia, companheira de Boris, matriculou-se começou a tirar o curso de Terapia Ocupacional, aos 40 anos, e equaciona uma mudança de vida profissional.

Arruda, "fazia coisas que os outros não faziam, porque a deficiência está nos olhos dos outros”, diz o filho mais novo, Boris — como também escreveu Craveirinha, em 1973, por outras palavras.

Créditos

Texto Manuela Goucha Soares
Fotografias António Pedro Ferreira e Arquivo Impresa
Vídeo José Cedovim Pinto
Webdesign Tiago Pereira Santos
Grafismo animado Carlos Paes
Apoio web João Melancia
Coordenação Marta Gonçalves, Pedro Candeias e Joana Beleza
Direção João Vieira Pereira


Agradecimentos ADFA, Família Arruda, Maria Leonarda Tavares, Cândido Patuleia, Coronel Nuno Santa Clara Gomes, Tenente-Coronel Pedro Marquês de Sousa, Comandante Pedro Lauret e Editora Guerra e Paz

Expresso 2024